Spoiler Destaque: Emet-Selch, Unsundered

O dia 18 de fevereiro foi memorável. Nele, tivemos a primeira olhada no que a Wizards e a Square Enix estão preparando para o primeiro set da série Universes Beyond de 2025, Final Fantasy. E para alguém que é fã de ambas as franquias, não há palavras que possam definir aquela transmissão de uma hora que não seja mágico e fantástico.

Mas como jornalista e criador de conteúdo, preciso manter meu hype baixo (vou tentar, prometo) e olhar para os cards da expansão como um produto e avaliar o potencial que cada uma delas tem de afetar os formatos competitivos de Magic, como fiz com Aetherdrift, e como farei com Tarkir: Dragonstorm, cujas prévias também começam em breve.

Dos 12 cards revelados do main set de Final Fantasy até o momento, uma certamente se destaca como potencial ferramenta para afetar múltiplos ambientes competitivos: Emet-Selch, Unsundered.

Por mais que seu corpo e custo não pareçam impressionantes, o antagonista de Shadowbringers possui no seu lado transformado o efeito do que muitos consideram o card mais poderoso de todos os tempos em Magic, Yawgmoth’s Will, e com um trigger desencadeado fácil de habilitar em decks variados que interagem direto com o cemitério.

Nota: Esta seção possui spoilers de Final Fantasy XIV: Shadowbringers e Final Fantasy XIV: Endwalker.

Emet-Selch é um dos últimos Ascianos, uma raça antiga e toda-poderosa que governava Etheirys.

O mundo utópico dos Ascianos estava à beira da ruína perante os Dias Finais, então eles criaram e invocaram Zodiark para salvá-lo, mas em troca eles precisaram sacrificar metade de sua população total. Um grupo de Ascianos se opôs a realizarem outro sacrifício e criaram Hydaelyn para manter Zodiark sob controle, e ela o fez dividindo o mundo inteiro em 14 fragmentos e criando 14 esferas paralelas, onde todos os habitantes em cada uma são 1/14 da raça original de Ascianos das quais foram criados.

Seu objetivo é reunir todos os fragmentos em uma única esfera para recriar o mundo completo como ele o conhecia. O que levaria à destruição desses fragmentos e à morte de todos os indivíduos que agora vivem neles, pois cada "fragmento" seria combinado para criar um Asciano completo.

Emet-Selch enxerga isso como um sacrifício necessário para salvar seu mundo, ao ponto de não reconhecer a humanidade ou individualidade das pessoas separadas (no jogo, chamados de “sundered”), e por isso não se importa em matá-las em massa se isso significa ressuscitar a sociedade utópica em que ele vivia.

Selch é um dos personagens mais famosos de Final Fantasy e considerado um dos melhores vilões da franquia pela sua personalidade sarcástica, maneira como se aproxima da equipe de heróis e os acompanha enquanto explica a verdadeira história dos Ascianos, e como algumas das suas atitudes e falas representam a depressão por trás do luto.

Emet-Selch, Unsundered possui um corpo decente para o seu custo e um efeito de ETB e ataque que alimenta sua habilidade principal: quando seu controlador possui 14 ou mais cards no cemitério, ele transforma-se em Hades, Sorcered of Eld, basicamente um Yawgmoth’s Will em um corpo 6/6.

O fato dele ter a habilidade do que muitos consideram o card mais poderoso de Magic de todos os tempos - até hoje, ainda apelidam Yawgmoth’s Will como “YawgWin” pela facilidade de vencer o jogo ou criar uma quantidade absurda de valor - é, de longe, o maior fator para considerar Selch um card competitivamente viável, mas precisamos nos atentar na sua linha de texto para transformá-lo em Hades: ele só se transforma no início da manutenção, então seu controlador precisa esperar um ciclo de turnos para desencadear mesmo quando já possui 14 ou mais cards no cemitério.

O problema dessa condição é que Emet-Selch se torna um card telegrafado. Uma das maiores ameaças de Underworld Breach ou Yawgmoth’s Will é que o oponente precisa estar constantemente em alerta da possibilidade de você usar este card para “explodir” repentinamente com algum combo, ou reutilizando a maior quantidade possível de cards do seu cemitério para voltar à partida, ou para ganhar o jogo.

Selch, portanto, tem duas grandes barreiras:

No momento em que ele entra em jogo, ele ganha um alvo na testa porque, se ele transformar, o jogo pode estar virtualmente ganho.

Curiosamente, isso coloca o Asciano em uma posição onde ele não é tão bom para combos, ou para decks tentando fazer coisas absurdas muito rápido. Ele não é um card para Abhorrent Oculus no Standard, mas um companheiro de Oildeep Gearhulk no mesmo formato - Emet-Selch é muito mais eficiente como um card de Midrange, onde desvirar com ele vai trazer de volta uma dúzia de remoções e criaturas com efeitos poderosos.

Vale ressaltar que, enquanto pode ser atrativo, não creio que Emet-Selch tenha espaço em um deck de Bounce hoje porque estes são baseados em permanentes e tem dificuldades em colocar cards no cemitério rápido, mas ele oferece uma maneira excelente de voltar para o jogo após um Pest Control ou outro sweeper que lide com seus encantamentos.

Selch também é comparável com Kiora, the Rising Tide, uma staple dos listas de Abhorrent Oculus no Standard, e dada que Kiora tem dificuldade em se encaixar em toda lista de Oculus, é difícil imaginar que um card que requer o dobro de cartas no cemitério possa aparecer em um arquétipo que, por vezes, precisa exilar cinco para conjurar sua principal ameaça.

Pelo mesmo motivo, é difícil imaginar Emet-Selch compartilhando espaços com Oculus no Modern, onde ele ainda precisa se provar mais eficiente que Murktide Regent para compensar os custos de exílio.

Por outro lado, Psychic Frog, Tome Scour e Fallaji Archaeologist são alguns dos seus melhores amigos no Modern, e ainda existe a totalidade das expansões de Tarkir: Dragonstorm e Final Fantasy - sem contar a possibilidade de duas atualizações de banimentos até junho - para trazer outras ferramentas para o Asciano.

No Legacy, Selch tem o mesmo obstáculo que enfrenta nos outros formatos, de ser um card cuja principal habilidade é telegrafada e em um ambiente onde não faltam respostas para lidar com o Asciano.

No entanto, ele também é um pitch para Force of Will e Force of Negation, seu corpo desvia de Lightning Bolt e seu trigger alimenta o cemitério para Reanimate, e com o Dimir Reanimator sendo o melhor deck do formato hoje, é provável que Emet-Selch mereça alguns testes como outro meio de filtrar a mão e com alto potencial de recursividade em jogos mais longos.

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Por fim, não podemos descartar as possibilidades do que Selch pode fazer no Commander. Como comandante, ele parece mais voltado para uma lista de combo onde criamos o setup com cartas no cemitério para um grande turno explosivo quando o Asciano se transforma para ganhar o jogo, não muito diferente do que é feito com Yawgmoth’s Will ou Underworld Breach, mas potencialmente mais lento por conta das condições necessárias - convenhamos, a parte mais trabalhosa no processo é fazer Emet-Selch sobreviver um ciclo de quatro turnos inteiros com um alvo gigante na testa.

Vale ressaltar que ambos Yawgmoth’s Will e Underworld Breach estão hoje na lista de Game Changers, cards que não são bem-vindos em mesas mais casuais de Commander. Caso Selch não se prove eficiente para níveis mais altos de poder, é possível que ele encontre espaço entre as 99 dos decks de Storm com acesso a nos Brackets menores para “compensar” a perda desses cards.

Finalizando

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